Por Flávia Cristini, TV Globo — Belo Horizonte


Siderúrgica Fergusete, em Sete Lagoas, em Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo

Sindicato afirma que fiscalização em siderúrgicas é falha e pode contribuir para acidentes

Sindicato afirma que fiscalização em siderúrgicas é falha e pode contribuir para acidentes

A morte de um funcionário depois do rompimento de parte de um alto-forno em uma siderúrgica de Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais, acendeu o alerta para a pouca fiscalização do setor.

De acordo com o auditor fiscal do Trabalho Mário Parreiras, a média é que as siderúrgicas são fiscalizadas a cada três anos no estado.

"Se fizermos um cálculo do número de ouvidores que temos no estado e o número de empresas no Brasil, uma empresa vai ser fiscalizada a cada dois ou três anos", explica Parreiras.

A empresa Fergusete, onde ocorreu o acidente com uma morte e um ferido, está com funcionamento parcial, enquanto a causa do rompimento de um alto-forno é apurada.

Os trabalhadores sofreram queimaduras durante o processamento do minério de ferro. Uma chapa que sustenta a parede do alto-forno teria se rompido e, com isso, o material transbordou.

O sindicato que representa os trabalhadores diz que a empresa já havia sido alertada sobre problemas de segurança.

"O que fizemos foi comunicar o fato aos técnicos de segurança e também ao RH", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Dias.

Ele reconhece que o sindicato deveria ter formalizado uma denúncia, mas ressalta que a indústria tem que dar garantias aos funcionários de um setor que é de alto risco.

Dias fala que, em um ano e meio, foram registradas cinco mortes de funcionários em Sete Lagoas. Ele cobra empenho das autoridades para apuração do caso.

Ele conta que a fiscalização demora, em média, três meses e que até esta sexta-feira (23) o Ministério do Trabalho não tinha feito a perícia.

A atividade em siderurgia envolve trabalho pesado em altas temperaturas e exposição a poeira e gases. Quem fiscaliza as condições de segurança é a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. São cerca de 140 auditores para atuar no estado inteiro. São mais de 500 empresas em Minas Gerais.

A empresa Fergusete abriu uma sindicância para apurar a causa do rompimento da sustentação do alto-forno depois da morte de Edilson da Silva, de 47 anos. É aguardado também o resultado do inquérito aberto pela Polícia Civil.

Ele morreu na noite desta quarta-feira (21). O incidente foi na noite de terça-feira (20). A morte foi confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

O Ministério do Trabalho informou que uma equipe foi designada para a análise do acidente. Sobre as fiscalizações da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, o ministério informou que elas são baseadas em denúncias recebidas pelos canais apropriados e que não recebeu denúncia de irregularidades sobre a empresa.

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